No terceiro período a procura de explicações sobe. Quem não pode pagar recorre aos apoios nas escolas, mas o sucesso é pouco. As salas de estudo nas escolas estão longe de ser uma alternativa às habituais explicações. Com o aproximar dos exames e do final do ano lectivo, as explicações são a solução mais procurada. Há um aumento médio de 15% a 20% nos centros especializados, mas também os explicadores individuais vêem os pedidos aumentar. Mas fica o aviso dos especialistas: o período é curto e a probabilidade de sucesso é pouca.
Apesar de continuarem a ser muito procurados, os centros de explicações têm sofrido com a crise. Nas escolas existem as salas de estudo, uma alternativa para os pais com menos dinheiro, mas Mário Nogueira duvida da eficácia. "Nos centros, os explicadores estão atentos a um aluno, podem procurar as dificuldades e perder mais tempo a ajudar. É normal que os pais com menos dinheiro procurem as salas de estudo, mas estamos a falar de turmas com 20 a 30 alunos. Como é possível um professor perder muito tempo só com um e dizer aos outros para esperar", interroga-se. Os centros contactados pelo DN estão de acordo que há dois tipos de alunos que procuram apenas no terceiro período a ajuda complementar: os que querem subir as notas nos exames (principalmente do 12.º ano) e aqueles que apenas querem passar o ano. "Quando os alunos nos pedem ajuda para levantar as notas, normalmente resulta. Estão motivados, conhecem a matéria. Agora, quando vêm só para passar o ano, torna-se complicado. Cumpre-se o objectivo. Passam o ano, mas não se aprende... decora-se", explicou Ivone Rocha, do centro Letras e Algarismos, no Porto. Os preços variam, dependendo do ano do aluno. Vão desde os dez euros para o primeiro ciclo, passando pelos 13 a 18 para o segundo, sendo que no ensino secundário os valores aproximam-se dos vinte euros por explicação. No superior, podem ultrapassar os trinta. Há descontos para quem compre pacotes de horas, ou para quem junte mais do que um aluno para ter explicações ao mesmo tempo. Nesta situação, os centros colocam reservas, só aceitando aulas conjuntas se forem de alunos de nível idêntico. Matemática e Português são as eternas disciplinas mais procuradas. Porém, Inglês e Física e Química também estão entre as que mais problemas dão aos alunos. Os responsáveis pelos centros acusam os pais de facilitar e deixarem tudo para a última hora. "Evitam ao máximo ter uma despesa extra durante o ano. Chegam a este período e querem que o filho tenha três ou quatro explicações por semana. Gastam mais dinheiro neste curto espaço de tempo", avisou Ivone Rocha. Ana Maria Afonso, da NewScience, em Lisboa, reconhece que nos últimos anos os pais têm estado "mais comedidos em gastar dinheiro em explicações". "Quando vêm só nesta altura do ano escolar às vezes não vale a pena", afirmou. Mas a responsável está cada vez mais preocupada com a queda no nível de exigência nas escolas e dos pais. Neste último caso, Ana Maria Afonso alertou que cada vez mais "o interesse é em passar e não em aprender". "Existe um fosso grande entre a exigência até ao 12.º ano e no Ensino Superior. Os alunos que chegam às universidades têm muitos problemas", salientou.
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