Maioria dos casos ocorridos no Queimódromo tem a ver com excesso de álcool. Fiscalização premiou 30 condutores e deteve outros 30. O posto de emergência do Queimódromo recebe, todas as noites, cerca de 100 pessoas. Mesmo após tratamento, pelo menos 15 têm de seguir para o hospital. O álcool é o principal problema. A PSP, o Governo Civil e a Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas, entre outras entidades, realizaram ontem de madrugada, acções de fiscalização com atribuição de prémios a condutores com 0% de álcool.
A festa propicia excessos. Eram 3 horas quando um rapaz de 27 anos entrou no posto de emergência. "Ele já tinha bebido bastante fora do recinto. Num desafio entre amigos, bebeu uma garrafa de vodka. Veio de ambulância e estava quase inconsciente", relatou uma amiga. Os profissionais que dão assistência no Queimódromo não podem parar para descansar. "Tem sido mais problemático entre as 3 e as 6 horas", revelou o 2º Comandante dos Bombeiros Voluntários do Porto, Luís Silva. "Normalmente temos dado medicação para náuseas ou então soro para hidratar", explicou a enfermeira Inês Cunha. "Não somos um serviço de urgência. Quase 90% das pessoas que nos chegam estão alcoolizadas, há cerca de 10% de agredidos e algumas intoxicações alimentares", sublinhou o enfermeiro Jorge Castanheiro, da empresa M- Doctors, que trabalha há 4 anos na Queima. "Os jovens deviam conter-se no álcool porque vêm para divertir-se e acabam por estragar a noite a eles e aos amigos. Também devia haver maior fiscalização", apelou o enfermeiro, que trabalha no posto de emergência, em funcionamento das 22 às 6 horas. A equipa é formada por três médicos e dois enfermeiros. Os Voluntários do Porto têm 25 bombeiros e seis ambulâncias por noite. "Queremos incentivar os jovens a fazer o teste antes de pegar no carro", afirmaria a governadora civil, Isabel Santos, durante a operação 100% cool. Foram atribuídos 30 vales de gasolina no valor de 25 euros cada. "Sei beber, se for a conduzir não bebo. Este é um bom incentivo. Com a crise, o vale veio mesmo a calhar", contou a enfermeira Inês de Castro. "Sinto-me bem, mas prefiro fazer o teste porque bebi um bocado. Quando estou mal não pego no carro. Mais vale prevenir", disse Isabel Ferraz, estudante de Arquitectura. Na fiscalização, que envolveu uma centena de polícias, houve 30 detenções ( 29 por condução sob influência do álcool e uma por desobediência). Foram identificados 673 condutores, tendo sido submetidos 643 ao teste de álcool. Hoje, as brigadas 100% Cool farão nova acção de sensibilização, mas desta vez no Queimódromo . "No recinto estão a trabalhar 75 polícias em dois turnos. Há alguns furtos, mas este ano tem corrido muito melhor", esclareceu o subcomissário da PSP Afonso Sousa.
{backbutton}