Os protestos contra o encerramento de cerca de 700 escolas do 1.º ciclo do ensino básico chegaram à Igreja Católica. Ontem, o bispo de Lamego, D. Jacinto Botelho, mostrou-se preocupado "com as consequências familiares e sociais" daquela decisão, que, no entender do prelado, vai agravar a desertificação do interior.701 escolas vão fechar segundo o plano do Governo (Enric Vives-Rubio) "Estamos a retirar das nossas populações, já tão carenciadas e esquecidas, um meio que ainda poderia ser factor de atracção, pelo que o encerramento das escolas é um factor que no futuro contribuirá, sem dúvida, para uma maior desertificação", alertou o bispo, em declarações à agência Ecclesia, a agência de notícias da Igreja Católica

. O concelho de Lamego é o mais afectado pela decisão de encerrar as escolas com menos de 20 alunos: ao todo, 21 escolas vão ficar de portas fechadas no ano lectivo que está prestes a arrancar. Os alunos serão transferidos para outras escolas e o impacto que essa deslocação terá em termos familiares foi uma das preocupações manifestadas por D. Jacinto Botelho. "O retirar as crianças aos pais implica afastá-los do ambiente próprio da sua educação, onde elas poderiam crescer de forma normal", considerou, manifestando-se perplexo pelo facto de o Governo apontar a necessidade de travar a desertificação das regiões do interior "ao mesmo tempo que executa uma medida que vai estimular o abandono das povoações afastadas dos centros urbanos".Para o bispo, as escolas com mais de dez crianças deveriam permanecer abertas. "Se há mais de uma dezena de alunos num lugar, dá-me a impressão de que deveriam continuar com as escolas existentes". A Região Norte será a mais afectada, devendo ver cerca de 380 escolas encerrar portas. E o bispo de Lamego está longe de estar isolado nos protestos. Além dos protestos dos autarcas, o Movimento dos Utentes do Serviço Público (MUSP) considerou ontem que o fecho das escolas põe em causa a qualidade do ensino.

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