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312015Tirar um curso ainda é uma garantia? Há licenciaturas que abrem mais portas? Fomos ouvir cinco licenciados nos cursos com os melhores e os piores números de saídas profissionais. A médica Mariana diz que a universidade não é uma agência de empregos. Tiago, formado em História, acha que "há quem desperdice oportunidades" e "não arrisque muito". A primeira fez um curso que dá mais hipóteses de emprego, enquanto o segundo um daqueles em que se ouvem mesmo piadas sobre o desemprego. Um dia depois de serem conhecidos os resultados das candidaturas ao ensino superior, o P2 conta a história de cinco diplomados nos cursos com as melhores e as piores taxas de empregabilidade.

A nossa selecção foi feita com base na listagem do relatório de 2010 sobre a procura de emprego dos diplomados com habilitação superior, realizado pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior. O documento relaciona desempregados que finalizaram o curso entre 2006 e 2008 com o número de inscritos nos centros de emprego em 2007 e 2008. O P2 olhou apenas para os cursos com mais de 100 licenciados nesses três anos. Contudo, o documento do ministério apresenta vários constrangimentos que condicionaram e que enviesaram a selecção. Por exemplo: a lista dos cursos com menos desempregados é feita a partir dos que têm menos alunos inscritos nos centros de emprego, mas as licenciaturas que não têm qualquer aluno nessa situação não são incluídas. E não se considera se os empregados estão ou não a trabalhar na área da sua formação e em que condições de vínculo e remuneração se encontram.

Tiago Reigada: "A porta escancarou-se" para este professor de História

Dar aulas? Tiago Reigada chegou a garantir que leccionar não era certamente o que queria fazer com a sua licenciatura em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto - com uma taxa de desemprego de 26,6 por cento, segundo o relatório do Ministério do Ensino Superior, o que a coloca como a terceira com piores resultados. Mas decidiu ter "mente aberta e experimentar". Acabou por fazer a sua especialização na vertente ensino, que terminou em 2009. O país ganhou um professor que descobriu que "é mesmo isto" que quer fazer. "Adapto-me muito bem a novas realidades e no meu estágio tive uma turma do 8.º ano muito simpática. Pensei que ia abrir uma eventual porta e a porta escancarou-se", assegurou o professor de 24 anos e aluno de doutoramento na mesma universidade, que contou que chegou a candidatar-se a Jornalismo, mas que foi também com "entusiasmo" que soube que estudar o passado seria o seu futuro. "Ainda me lembro bem da primeira aula que dei como estagiário. Aquelas dezenas de olhos fixos em mim. E quando o fiz pela primeira vez já como professor ainda foi mais estranho. Mas era sobre a I Guerra Mundial que eu adoro e como truque mantive a minha idade sempre em segredo. Sou alto e forte, é uma vantagem." Sobre as saídas profissionais do curso admite que ouviu "muitas vezes as piadas sobre desemprego" e que muitos dos seus colegas não estão a trabalhar na área. Mas também entende que "há quem desperdice oportunidades" e "não arrisque muito". "O mercado de trabalho dita as regras e ter emprego não significa atingir as nossas expectativas. Fazemos mais e por muito menos. A remuneração não é condizente com a responsabilidade", lamentou, dando esta situação como exemplo de que as taxas de empregabilidade de cursos como o seu poderiam ser ainda piores, se olhássemos para o emprego precário.

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