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Já pais e professores fazem uma listagem de problemas antigos que uma vez mais não foram resolvidos. Normalidade. Esta foi a palavra mais utilizada pelo secretário de Estado adjunto e da Educação na conferência de imprensa onde fez o balanço do início do ano lectivo, cujo prazo de arranque terminou ontem. "O Ministério da Educação quer manifestar a sua satisfação pelo arranque do ano lectivo dentro de um quadro de perfeita normalidade", afirmou Alexandre Ventura. Confrontado com exemplos de escolas que não abriram as portas e com protestos de pais, apelidou-os de "pontuais" e informou que até ontem "não iniciaram as suas actividades entre 13 e 15 unidades de gestão", isto é, escolas ou agrupamentos.

Alexandra Ventura não quis adiantar quantos alunos estão a ser afectados, mas garantiu que até ao final da semana a situação será ultrapassada e que representa "pouco" no bolo de 1,3 milhões de alunos. "O ministério, de forma articulada com as suas estruturas centrais, regionais e com os seus parceiros, como os municípios, está claramente empenhado em resolver essas situações", precisou, adiantando que as escolas receberam ontem o despacho relativo à acção social escolar. O atraso no subsídio foi denunciado pelos pais, que se vêem a braços com a dificuldade de comprar os manuais.

Falta de recursos humanos

A Confederação Nacional das Associações de Pais mostrou-se "preocupada" por muitos professores não saberem os seus horários e "por alunos que vêm das privadas não saberem ainda se têm lugar na escola pública". O presidente da Confap, Albino Almeida, destacou "a falta de auxiliares de acção educativa, que motivou os telefonemas de vários pais" sublinhando, contudo, "que infelizmente nenhuma das realidades é nova ou diferente". Também o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Adalmiro Fonseca, estimou em "pelo menos dez mil os professores que estão por colocar" - uma situação que pode afectar "qualquer coisa como 200 mil alunos". Ainda assim, o professor insistiu que "não é uma situação diferente dos outros anos lectivos", dizendo mesmo que "o arranque está até a ser mais tranquilo do que se julgaria, nomeadamente nos mega-agrupamentos". Adelino Calado, director do Agrupamento de Escolas de Carcavelos, salientou que a sua escola arrancou a tempo e horas e que o facto de os professores estarem a ser colocados por quatro anos "tornou o processo mais fácil", apesar de ainda faltar ocupar uma vaga de Espanhol. Ainda assim, o docente referiu dificuldades relacionadas com a sobrelotação da escola, "em parte porque muitos meninos que vão entrar agora no 5.º e no 7.º ano vêm de escolas privadas". Eduarda Carvalho, directora do Agrupamento de Vila Nova de Poiares, disse que o centro escolar do seu agrupamento não vai abrir por "atrasos nas obras" e referiu vários casos de lugares de professores que estão por ocupar. As dificuldades referidas por alguns professores ouvidos são extensíveis a várias escolas, como em Santana do Campo, Coucieiro, Sesimbra ou Castelo Viegas. Há também várias escolas da zona de Lisboa que não abriram: Agrupamento de Escolas Baixa-Chiado, EB1 do Bairro de São Miguel e Secundária da Ramada. Do lado dos partidos, o presidente do PSD, numa visita à Escola Secundária Anselmo de Andrade, em Almada, saudou o início do ano "com tranquilidade", apesar de "alguma coisa feita em cima do joelho". Passos Coelho defendeu que o mais importante é o acesso "a um ensino de qualidade", seja em estabelecimentos públicos ou privados. Já o PCP, em conferência de imprensa, afirmou que "o ano lectivo parece estar inevitavelmente comprometido". Jorge Pires, da comissão política, citado pela Lusa, apontou como principais pontos o encerramento de escolas, a precariedade entre os professores e a subida das despesas a suportar pelas famílias e informou que o seu partido vai defender no Parlamento que todo o ensino obrigatório não tenha custos no prazo de seis anos. A precariedade dos contratados e o desemprego levaram precisamente a que um grupo de docentes se juntasse ontem à porta do ministério para protestar, ao som das vuvuzelas, contra a actual política de ensino e o estado das escolas portuguesas. com L.A.

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