Falta de recursos humanos
A Confederação Nacional das Associações de Pais mostrou-se "preocupada" por muitos professores não saberem os seus horários e "por alunos que vêm das privadas não saberem ainda se têm lugar na escola pública". O presidente da Confap, Albino Almeida, destacou "a falta de auxiliares de acção educativa, que motivou os telefonemas de vários pais" sublinhando, contudo, "que infelizmente nenhuma das realidades é nova ou diferente". Também o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Adalmiro Fonseca, estimou em "pelo menos dez mil os professores que estão por colocar" - uma situação que pode afectar "qualquer coisa como 200 mil alunos". Ainda assim, o professor insistiu que "não é uma situação diferente dos outros anos lectivos", dizendo mesmo que "o arranque está até a ser mais tranquilo do que se julgaria, nomeadamente nos mega-agrupamentos". Adelino Calado, director do Agrupamento de Escolas de Carcavelos, salientou que a sua escola arrancou a tempo e horas e que o facto de os professores estarem a ser colocados por quatro anos "tornou o processo mais fácil", apesar de ainda faltar ocupar uma vaga de Espanhol. Ainda assim, o docente referiu dificuldades relacionadas com a sobrelotação da escola, "em parte porque muitos meninos que vão entrar agora no 5.º e no 7.º ano vêm de escolas privadas". Eduarda Carvalho, directora do Agrupamento de Vila Nova de Poiares, disse que o centro escolar do seu agrupamento não vai abrir por "atrasos nas obras" e referiu vários casos de lugares de professores que estão por ocupar. As dificuldades referidas por alguns professores ouvidos são extensíveis a várias escolas, como em Santana do Campo, Coucieiro, Sesimbra ou Castelo Viegas. Há também várias escolas da zona de Lisboa que não abriram: Agrupamento de Escolas Baixa-Chiado, EB1 do Bairro de São Miguel e Secundária da Ramada. Do lado dos partidos, o presidente do PSD, numa visita à Escola Secundária Anselmo de Andrade, em Almada, saudou o início do ano "com tranquilidade", apesar de "alguma coisa feita em cima do joelho". Passos Coelho defendeu que o mais importante é o acesso "a um ensino de qualidade", seja em estabelecimentos públicos ou privados. Já o PCP, em conferência de imprensa, afirmou que "o ano lectivo parece estar inevitavelmente comprometido". Jorge Pires, da comissão política, citado pela Lusa, apontou como principais pontos o encerramento de escolas, a precariedade entre os professores e a subida das despesas a suportar pelas famílias e informou que o seu partido vai defender no Parlamento que todo o ensino obrigatório não tenha custos no prazo de seis anos. A precariedade dos contratados e o desemprego levaram precisamente a que um grupo de docentes se juntasse ontem à porta do ministério para protestar, ao som das vuvuzelas, contra a actual política de ensino e o estado das escolas portuguesas. com L.A.
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