Há livreiros que se queixam que a Câmara de Gaia tarda em pagar os livros que prometeu dar gratuitamente a 12 mil famílias. Já há quem tenha de pedir empréstimos para manter o negócio. A Câmara garante que, em princípio, tudo fica resolvido em 15 dias. Há dívidas que ascendem aos 40 mil euros e comerciantes que, por andarem a receber da Autarquia o dinheiro em pequenas prestações, vão ter que recorrer a empréstimos bancários para, em Junho, encomendarem os livros do próximo ano lectivo. Até porque a aquisição de manuais escolares nas editoras têm de ser feita a pronto pagamento. Fonte da Autarquia minimizou e afirmou ,ao JN, que nessa situação "estão apenas 5% dos livreiros". A Câmara teve necessidade de "analisar as facturas para evitar eventuais fraudes".
Porém, "dentro de 15 dias tudo ficará resolvido", explicou a mesma fonte. A pioneira iniciativa foi implementada pela Câmara de Gaia há dois anos (ler texto ao lado) e previa-se que os custos para o concelho chegariam aos 450 mil euros/ano, à razão de aproximadamente 30 euros por aluno. Do acordo com os livreiros, as facturas deviam ser liquidadas pela Autarquia em 45 dias, mas os comerciantes queixam-se que não sabem "quando a Câmara terá dinheiro para pagar a dívida relativa ao ano lectivo que está a acabar". Arménio Costa, com papelaria em Canelas, ainda espera pela maior parte do dinheiro que investiu: cerca de 42 mil euros. Até à data foi-lhe paga, apenas, "uma pequena tranche de três mil euros" e, "há dias", telefonaram-lhe a dizer que "tinha outra, de 4987 euros, para ser levantada". Mas "ainda não sabe" quando vai receber a totalidade da verba que investiu. "É dinheiro que está empatado. Agora, para fazer futuras encomendas vou ter que pedir dinheiro ao banco", lamentou o comerciante. "Os alunos de Gaia andam a estudar com o dinheiro dos livreiros e não com o dinheiro da Câmara", criticou. Ainda assim, Arménio Costa sublinhou que, em 2008, no primeiro ano do protocolo, "tudo foi ao encontro daquilo que estava previsto, com a despesa a ser liquidada logo em Janeiro". Mas mesmo no primeiro ano nem tudo terá corrido bem. Segundo o JN apurou, alguns livreiros decidiram abandonar o protocolo, no final do ano "experimental, porque o dinheiro tardava a chegar". Um desses comerciantes, que preferiu o anonimato, explicou que não renovou o acordo por só ter recebido em Maio "a quantia referente ao ano lectivo de 2008/2009". Outro livreiro confidenciou que "viu-se aflito" para receber 14 mil euros. "Foi às prestações", disse. "Ainda falta receber o dinheiro referente ao material escolar", acrescentou. Quase ninguém dá o nome com receio de ter problemas. Apesar de desvalorizar o problema, afirmando que afecta uma reduzida percentagem de pessoas, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Gaia, Francisco Claro Oliveira, explicou, ao JN, que "chegaram a a surgir algumas situações de atrasos nos pagamentos, mas que ficaram de ser resolvidas". No entanto, assumiu que "efectivamente este ano as dívidas começaram a ser pagas um bocadinho mais tarde", mas sublinhou que "94% dos livreiros já foram ressarcidos". "Se o dinheiro não vier mais cedo, chegará mais tarde. O importante é que o lucro que vão auferir apenas com a venda dos livros escolares é suficiente", concluiu.
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