As famílias portuguesas continuam a procurar os estabelecimentos de ensino particular, apesar da crise e da redução dos benefícios fiscais com a educação. Os colégios têm tido mais desistências do que em anos anteriores, mas as listas de espera compensam o número de alunos perdidos, especialmente nas principais cidades do país. Apenas algumas instituições do interior têm tido mais dificuldades em manter os estudantes. A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEPC) ainda não reuniu os dados definitivos relativamente às inscrições nos colégios privados nacionais, mas as inscrições dos últimos meses permitem perceber uma manutenção do número de estudantes que vão frequentar estes estabelecimentos de ensino neste ano lectivo.
"A procura tem sido normal, especialmente nos centros urbanos", avança Rodrigo Queirós e Melo, director executivo da AEEPC. A tendência observada nos estabelecimentos de ensino privado do ensino básico e secundário é também confirmada no ensino superior, onde o número de inscritos para o próximo ano lectivo é semelhante ao registado nos últimos dois anos, informa a Associação Portuguesa de Ensino Superior Privado.
Mais desistências
Este ano lectivo tem aumentado, no entanto, o número de desistências nos externatos, estando a observar-se um fenómeno de mobilidade entre escolas incomum. "Quase no início do ano lectivo, ainda há estudantes a sair e a entrar, o que era impensável há alguns anos", admite Margarida Marrucho, directora do colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa. "Uns estudantes vão para as escolas públicas, outros optam por diferentes colégios privados. Apesar disso, não verificámos uma diminuição de alunos, antes pelo contrário", continua a mesma responsável. No Sagrado Coração de Maria há, este ano, 1400 inscritos, mais 25 do que no ano passado, uma tendência comum às várias escolas privadas da Grande Lisboa e também do Porto, Coimbra e Braga. Por exemplo, o número de inscritos no colégio Bartolomeu Dias, na Póvoa de Santa Iria, cresceu 15 por cento face ao ano lectivo 2009/2010 e, em Braga, no colégio D. Diogo de Sousa, 1700 alunos preenchem todas as vagas do estabelecimento de ensino, deixando mais 400 interessados em lista de espera. Nas mesmas circunstâncias está o colégio Rainha Santa Isabel, em Coimbra, que tem, tal como nos últimos anos, todas as vagas preenchidas e deixou ainda muitos pedidos por atender. Mesmo quando surgem dificuldades, as listas de espera acabam por ajudar as escolas a manter o nível de inscrições, explica Rodrigo Queirós e Melo: "Mesmo que haja desistências, essas acabam sempre por ser compensadas, porque há listas de espera muito extensas." A AEEPC reconhece, todavia, a existência de algumas dificuldades em colégios de pequena dimensão, especialmente do 1º ciclo. Esta realidade sucede em particular no interior do centro e Norte e algumas zonas da margem sul do Tejo, mas em proporções que não põem em causa o futuro das instituições.
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